quinta-feira, 27 de abril de 2017

O perigoso pedreiro homicida

Olá amigos, hoje vou lhes contar uma anedocta com uma lição para ponderar, principalmente para quem deseja sair do Brasil e tem medo de ser deportado por qualquer motivo. Lembro que este blog não recomenda nada para ninguém, principalmente fora das regras e leis.

A poucos dias conheci um senhor, brasileiro, que vive aqui a uns 15 anos. Ele é pedreiro oficial (pedreiro top rank) ou seja, faz lá seus 50 e poucos euros ao dia (acho) como empregado em obras. Vamos chamá-lo de Sebastião (nome fictício).

Sebastião não tem contrato de trabalho, pois sua profissão não impõe essa necessidade uma vez que já estabeleceu uma boa rede de contatos e patrões que demandam seus serviços. Neste ramo isso é relativamente fácil e rápido. Ele prefere ser freelance como muitos outros (eu incluso) do que seguir a um mestre.

Aqui a primeira "dica". Quem trabalha em alguma área da construção civil acha emprego em quase qualquer lugar do mundo, muitas vezes com contrato de trabalho dependendo da perícia e necessidade de mão de obra do contratante.

Trabalhei em uma empreitada (carpintaria) por cerca de uma semana em uma obra onde ele estava fazendo seu trabalho, e com o passar dos dias fomos batendo papo. Assuntos banais, que de maneira estranha pareciam sempre convergir pra cachaça.

Confesso que gosto muito de cachaça artesanal, de alambique. É minha bebida alcoólica favorita, mas sou um cara sério e tenho poucos amigos por diversos motivos, incluindo não gostar de papo furado nem de beber durante o trabalho, principalmente quando sou pago por empreitada e não por hora. Sou bastante educado e trato as pessoas com muita importância e atenção independente de quem sejam mesmo assim.

Notei que Sebastião se ausentava de tempo em tempo para ir ao boteco ou supermercado próximo tomar uma cerveja, além de no almoço dividir uma garrafa de vinho com seus camaradas. Pelo menos no Brasil não é segredo que existe problema com alcoolismo entre muitos operários da construção civil. Ter ou ser, um verdadeiro capataz controlando e orientando os operários caso você pretenda construir é muito importante para não ser passado pra trás.

Acredito que beber algo após o almoço seja comum aqui pois conheci muita gente com bafo de cana neste horário. Liguei os pontos e inferi que ele devia ter esse problema.

No último dia que fiquei lá ele teve de sair mais cedo. Aquele homem sempre coberto de poeira e de roupas rotas estava agora apresentável, porém com alguma vergonha de se ausentar do trabalho antes do fim. Começou a dar desculpas como se quem estivesse ali precisasse aprovar. Fiz as perguntas certas e ele abriu o bico.

Estava indo à algum lugar assinar sua presença mensal pela condicional. Sebastião havia se envolvido não em um, mas em dois acidentes de trânsito mais graves aqui em Portugal. Em um, atropelou uma pessoa, em outro atingiu em alta velocidade outro carro e machucou seriamente alguém. Segundo ele, passou alguns meses preso e estava pagando a vários anos uma espécie de indenização para as vítimas.

O pior é que o cara continua bebendo todos os dias, desde o café da manhã. As vezes contava vantagem por ter bebido a madrugada inteira. Isso é triste.

Ele não tem certidão de residente, nem contrato de trabalho, nada. Até o momento não foi deportado. Isso me deixou intrigado. Processo normal todo mundo pode responder, mas achava que ilegais que cometiam algum crime corriam um risco alto de levar um pé no rabo.

Talvez isso ocorra após ele pagar totalmemte as indenizações nos próximos anos? Não sei.

Como eu disse, não recomendo nada a ninguém. O que trago hoje é que muitas pessoas querem fazer tudo correto na  hora de migrar, quase que esperando que um guru pegue pela mão, ai vêem que dá um trabalhão e desistem. Outros vão... e ficam.

Estou trabalhando junto de um cara que viveu alguns anos ilegal nos USA. Ele disse que se não cometer crime (hoje em dia não sei) pode ficar numa boa, claro, sem direitos de cidadão. Ele só não pode voltar aos USA pois foi ao Brasil resolver uns problemas pessoais, e nunca mais deixaram retornar.

Abraço a todos.

14 comentários:

  1. Devem estar esperando ele pagar as vítimas pra mandar de volta! haha
    E porra, o cara tem uma puta oportunidade de vida, mas continua com uma mentalidade mesquinha, triste.

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    1. Será que vao mandar embora? Se não mandarem isso quer dizer que não emigrar por medo de deportação é a maior bobagem.

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  2. Pocha c.f nao sabia mas vc trabalha na construcao ai? Eu estou nos eua hehe. Cara eu vim aqui ficar um mes e agora vai fazer um ano...
    R.R

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    1. Um dia quem sabe vou viver ai. Nos USA eu arrumaria bastante trabalho pois ai é tudo woodframe...

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  3. Tenso! Sei que ele fez por merecer, mas imagino o quão desmotivador deve ser que ficar pagando indenização pros outros todo santo mês. Espero nunca passar por isso!

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    1. Eu também. O pior é que ele não está nem aí e comentou que quando terminar a pena vao permitir que ele compre outro carro.

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  4. Bebida alcoólica é uma coisa complicada. Eu bebo, mas conheço muita gente que não tem controle. Vários caras lá da zona rural de onde eu sou morreram antes dos 40 anos por causa de cachaça.

    Abraços.

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    1. Tem pessoas que viciam mais fácil. Eu bebo pouco apesar de gostar.

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  5. Nesses casos não tem muito o que se fazer. É escolha da pessoa se destruir. Não consegue ver um palmo a sua frente e não escutam nada além de seus pensamentos. Por isso nem adiante tentar orientar, pois gente burra não recebe orientação.

    Abraços e sucesso financeiro!

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    1. Nem tentei orientar, o cara vive em outro mundo. Até comentou que teve úlcera no estômago por "comer comida fria" pois eu não quis usar o microondas na obra, mas não era pra eu falar que essa úlcera vinha da cachaça.

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  6. CF,

    Naquele problema com pedreiro que tive o cara era alcoolatra.

    Em cima de andaime, bebado, nao teve jeito, dispensamos sem do.

    Infelizmente alcoolismo nesta profissao e muito comum ... E digo com propriedade.

    Abraçao

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    1. Vdc eu tenho dois tios engenheiros civis, um deles me ajuda nessas coisas de imóvel pois é meu padrinho e gosta muito de mim... apesar de me estimular a buscar maneiras de ganhar grana com isso ele é totalmente desmotivado com sua profissão principalmente pela corrupção municipal e mão de obra decadente.
      Na questao da mão de obra ele realmente muda o semblante para algo deprimido, pois sempre teve muito problema com mão de obra depois dos anos 90... mentiras, alcoolismo, coisa mal-feita, todo dia algo errado que lhe fazia perder tempo e dinheiro nas obras, o bastante pra ele praticamente largar o ramo e só fazer uns trabalhos de cálculos estruturais pra outros engenheiros que fizeram merda. Ele gosta mais da matemática que do ferro e cimento, mas mesmo asdim fico impressionado como ele odeia tratar com operários.

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    2. Já tive experiência com peão também, e é realmente essa barra que vc falou, raríssimas são as exceções.

      NO meu caso tive que lidar até com tráfico e consumo de drogas no sítio da obra, no horário de almoço dos malandros. Não é fácil não.

      - Mark

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    3. No Brasil muitos usam drogas no trabalho mesmo. Conheci uns que fumavam crack. Tem que ter um bom mestre pra controlar, mas existe um grave problema com a falta de mão de obra qualificada.

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