domingo, 22 de outubro de 2017

Filme do mês: New Jack City

Olá amigos, este mês farei o review deste clássico do "gangsta" que na minha infância passava muito no SBT. Particularmente não gosto de cultura de bandido, mas a alta dose de violência e realismo do filme sempre me atraiu.


Não considero um filme legal de ver com a família ou por crianças pequenas filme apresenta algumas situações chocantes (como Pulp Fiction) e retrata o submundo e toda a disfunção do tráfico de drogas que alguns de nós somos afortunados de poder ignorar no dia a dia.

Assista ao Trailer e a análise tem spoilers.


A história se passa durante o governo Reagan nos anos 80, que combateu duramente o tráfico de drogas nos Estados Unidos (inundar a sociedade com drogas foi uma estratégia de desestabilização social dos soviéticos). Uma coisa que gosto são os takes que mostram como era a cidade, que na época estava a se recuperar da falência,  antiga, suja e cheia de disfunção. Hoje Nova York é uma cidade segura, moderna e bela. O dinheiro faz maravilhas.


A primeira cena mostra um policial rastafari infiltrado, interpretado por Ice-T, tentando comprar drogas de um cracudo (muito bem interpretado por Cris Rock). Já ocorrem problemas e Chris Rock leva um tiro e é preso.

Chris Rock interpreta a figura abjeta Pookie

Na cena à seguir os irmãos Nino Brown (Wesley Snipes) e Gee Money bolam um plano para inundar Nova York (ou como é conhecida - New Jack) com uma nova droga, potente e barata, o crack.


Para isso um plano simples, mas ambicioso é posto em prática e a gangue de Nino toma um enorme prédio para ser sua fortaleza, expulsando moradores e montando seu sistema de segurança, muito parecido com o que os traficantes fazem em favelas  e conjuntos habitacionais brasileiros. Nino Brown rapidamente deixa de ser um traficante de esquina para se tornar um milionário barão das drogas e fabricante de zumbis cracudos.

O tempo passa e vemos Nino destruir seus inimigos e qualquer um que se oponha a seu projeto de poder, até mesmo seu irmão. Aos olhos da sociedade, ele é apenas um filantropo perseguido pela lei.

O policial idealista social de Ice-T vê a chance de infiltrar Pookie, agora recuperado do vício, nos laboratórios de Nino e filmar tudo. No meio disso tudo Pookie fica maluco com o crack, é descoberto e morto.


A polícia consegue invadir o local, sai tiro pra todo lado  e Nino é preso e vai à julgamento. Na frente do juri conta sua história de vítima social do capitalismo, recebe uma pena ridícula e ainda zomba da lei. A cena final é minha favorita. Um evangélico enfezado com a destruição causada por Nino Brown saca uma arma e grita: "Nino, sua alma é esperada no inferno!", atira e Nino cai morto. O policial bob marley coloca seus óculos escuros, talvez resignado por aquele ser o resultado esperado em uma guerra sem fim e o filme acaba com uma mensagem de que nas ruas existem muitos "nino browns" vendendo drogas para crianças.

É um filme bem feito e bastante dramático, mas fiel às histórias que existem na vida real.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Museu do dinheiro em Lisboa

Olá amigos,

Hoje fiz uma visita ao Museu do Dinheiro, um dos inúmeros magníficos museus de Portugal. É a segunda vez que o visitei e desta vez foi ainda melhor. Tenho o costume de frequentar museus e cada vez que retorno aproveito mais.

https://www.museudodinheiro.pt

O MdD fica onde foi a primeira Igreja de São Julião, destruída no grande terremoto de 1755 (depois foi reconstruida em outro local). No começo do século passado a área foi comprada pelo Banco de Portugal, que a usou como casa forte e arquivo (aquilo parece um forte). De 2007 a 2012 o imóvel foi reformado e apenas no ano passado começou a abrigar o museu. Seu endereço é no Largo de São Julião na Rua Augusta, no bairro turístico do Chiado (bem perto do metro) e a entrada é gratuita. Durante sua reforma foram descobertos vestígios de uma muralha do século XIII que protegeu a cidade dos mouros na época da Reconquista.

Na zona do museu existem outros vários prédios históricos e monumentos. Na verdade aquela área toda diz pra mim uma palavra: comércio (inclusive é bem próxima à Praça do Comércio - cartão postal de Lisboa). Hoje e no passado, o que você verá é a riqueza do comércio em cada tijolo nas paredes.

Se estudarmos um pouco de história notamos que Portugal teve tudo para ser um país capitalista, e como não poderia ser diferente deve sua riqueza de outrora ao comércio. Tinha como grande parceiro comercial a Inglaterra e magníficas colonias no planeta inteiro.

Devemos muito a nossos destemidos ancestrais de baixa estatura e suas grandes naus. 

Voltando ao museu, após passar por um sistema de segurança moderno (o valor de algumas peças do acervo é inestimável) você estará no grande hall onde iniciará seu passeio. Eu decidi andar sozinho, mas dependendo do museu valem a pena as visitas guiadas.

Igrejas católicas são excelentes imóveis.

O belo brasão real das armas português
está por toda Lisboa.

Ao passar por este cofre se inicia o passeio.

Desde o começo existem algumas geringonças interativas para aumentar sua imersão no assunto além da exposição, por isso é bom ir sozinho e com tempo para estudo.


Na primeira parte vemos como surgiram as primeiras moedas e meios de troca em civilizações antigas, e seus processos de cunhagem. Em todas as seções se descobre algo sobre como o governo sempre buscou controlar a emissão e disponibilidade da moeda.

Uma faca de bronze usada como
Dinheiro em determinado local da China antiga.

Moedas dos mundos clássicos grego, romano e chinês.


Os chinos foram os primeiros a imprimir papel-moeda. Isso resolve a questão da escassez de lastro pro governo...

A palavra dinar chegou à arabia através da europa (e não o oposto), sua etimologia traça ao denario romano.

As primeiras Letras de Crédito (esta sueca até não é tão antiga) eram feitas à mão e exigiam selos e várias assinaturas para atestar sua autenticidade.

Sempre que visitar um museu ou monumento, é importante colher informações para mais tarde saber o porque das coisas terem mudado, e não simplesmente pensar "ah, foi assim". Não seja a maioria.

Uma parte legal de conhecer é sobre como surgiram os bancos e diversos serviços e produtos financeiros na idade média. Pretendo visitar Veneza pela curiosidade que tenho sobre o papel da cidade no comércio. Tinha um grupo de mauricinhos por ali então não tirei fotos.


Depois começa a ficar mais específico sobre o dinheiro na península ibérica e Portugal. Em razão da localização costeira Portugal sempre foi importante para a Reconquista e alcançou seu ápice no comércio no periodo das grandes navegações.

Antes do BRL, já existiu uma moeda chamada Real.

Cruzado também. Os cavaleiros cruzados eram os comandos de sua época e terror dos invasores vikings e mouros.

Ao ser o primeiro país ibérico a enxotar os muçulmanos, Portugal pôde finalmente cuidar do que mais interessa: business. Isso deu-lhes uma enorme vantagem e ensina uma lição: mantenha seus concorrentes brigando entre si.

Se você acha difícil dirigir até o Paraguai pra buscar muamba, imagine a vida desses caras.

O que mais me interessou no acervo foram as ligações com o Brasil. Nosso país exportou uma quantia considerável de ouro para Portugal, que por sua vez estabilizou a escassez do mineral na Europa em algumas crises. 

Um território tão grande e rico a ser explorado e defendido precisava de gente, a a resposta à este problema estava dentro das prisões lotadas de Lisboa. Assim muitos degredados tiveram sua segunda chance.

Observe em como a massa aprende história dissociada de economia, quando na verdade é nos fatores econômicos se encontram praticamente todos os motivos. À massa não é ensinada história nem o modelo capitalista. Apenas socialismo e baboseiras.


D. João V decretou que o ouro brasileiro só poderia ser transpotado em moedas e barras marcadas fim de atacar a sonegação.

Moedas portuguesas com ouro brasileiro.




Aqui se fala do Banco do Brasil. Aposto que você não sabia que o BB foi o primeiro banco português. Eu também não, fiquei sabendo hoje. Portugal não tinha nenhum banco antes da ida da família real ao Brasil. 


O Brasil se modernizou muito com a ida da família real. Fábricas, cidades, estradas e novas leis foram criadas. Uma dose de estado (mínimo) instituído é sim interessante. Também podemos dizer que o país só se tornou um país após a independência em 1822. Pelo menos os USA se consideram assim.

Sabemos que em inglês o termo stock (estoque) significa um pequeno pedaço de uma empresa. Isso se dá por as primeiras ações serem partes do estoque de um navio mercante. Em português chamamos de "papéis" por o direito à ação estar antes da internet, em papéis.

Pelo jeito carimbaram o papel cada vez que o stockholder coletava sua parte nos lucros.

Ao final desta seção mostravam as moedas mais modernas de portugal, da República velha (golpe liberal), do estado novo (anticomunista), da volta à democracia e finalmente a adesão ao Euro.

Na próxima seção se conhece alguns processos modernos (ou nem tanto) de impressão de papel-moeda. 

Uma forja.

Fazer dinheiro dava trabalho

Ninguém me tira da cabeça que qualquer país por ai seja capaz de imprimir grana dos outros.

Se isto fosse uma obra de arte, se chamaria "armagedom inflacionário". 

Tem também uns microscópios para ver fibras de papel e curiosidades inúteis do tipo "superinteressante".

Mais além tem uma seção com notas de dinheiro antigas do mundo todo. Achei interessantes as notas das colonias britânicas com a ainda jovem rainha Elisabeth, as do inferno Soviético e Alemanha Oriental, com Lenin e Marx estampados.

Antes do fim do percurso com uma breve explanação sobre a igreja que lá existiu (também se pode visitar os vestígios da muralha com exemplos de métodos arcaicos de construção de fundações da cidade) ainda tem uma parte com videos de pessoas comuns falando o que acham que é dinheiro, vale a pena conferir todos e você pode até gravar o seu e disponibilizar para o museu. Uma ideia fantástica.

Na saída você pode adquirir souvenires e diversos livros (olhe no site). Apesar de caros me interessaram muito.

É um local que vale a visitação, mesmo que queira só dar uma voltinha de 15 minutos. A localização é boa para turistas e é garantido sair menos burro do que entrou.

No Brasil existe o Museu de Valores do Banco Central que deve ser bem interessante. A história do dinheiro e capitalismo é o tipo de conhecimento que não se estimula às massas a aprender. Você não vai ver muito disso na escola. Ao invés disso talvez lhe façam decorar bobagens e visitar o museu com a boina e o óculos de algum escritor socialista. É importante se auto-educar.

Grande abraço!

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Trabalho e segurança em Portugal II

Rápida anedocta.

Aqui em Portugal existem comerciantes que não fazem uso de cartão multibanco em seus estabelecimentos afim de não pagar as taxas abusivas que os bancos cobram pelo aluguel da maquininha (alguns cobram 2% de cada venda além de um valor fixo mensal). Quando tivemos nossa lojinha, pagavamos uns 12 euros fixo por mês e nenhuma porcentagem, pelo menos no primeiro ano de uso seria assim.

Acho isso bastante correto. Que o consumidor pague em dinheiro nesses locais, onde geralmente se negociam produtos ou serviços de valor baixo. Assim também fica mais fácil não prover nota e deixar de dar dinheiro pro governo.

Porém estamos acostumados a usar cartão pra pagar de tudo, e a falta da máquina trás transtorno, principalmente em um país tão cheio de turistas como Portugal. Muitas casas tem um aviso enorme pregado: "não temos multibanco" que poucos veem antes de consumir, principalmente quem é de fora.

Quando chegou em Portugal minha mulher trabalhou em uma casa de vinhos que não oferecia pagamento com cartão, o que ai sim não fazia sentido pois as contas raramente eram inferiores a 100 euros, deixando os clientes putos da vida. 

Minha esposa hoje trabalha em uma sorveteria que também não tem maquininha. Praticamente todos os dias tem que solicitar que algum cliente atravesse a rua para sacar dinheiro. Ela disse que nunca houve qualquer problema. Todos retornam e acertam o valor.

Se fosse no Brasil, certamente o estabelecimento teria vários prejuízos. Não é politicamente correto apontar, mas os brasileiros no geral não são vistos como um povo confiável nem no próprio Brasil nem mundo afora. Isso não é por acaso.

Aliás minha mulher as vezes comenta de pessoas que se fazem de esquecidos no meio de uma turba de clientes na esperança de não pagar... Quem? Isso mesmo, você acertou na primeira.

E quanto aos portugas, os considero no geral pessoas bem corretas, provavelmente pela forte influência católica na cultura. No nosso dicionário tupiniquim isso infelizmente significa ser otário.

Ultimamente tenho treinado bastante para me livrar de meu sotaque brasileiro. Vocês se surpreenderiam como isso trás benefícios no dia-a-dia. Não me entendam mal, sou tremendamente patriota em relação ao bom Brasil materializado pelo Exército Brasileiro e familia imperial, mas só dentro de casa. Não sou o tipo de pessoa que vai pro país dos outros e pendura sua bandeira na janela.

É isso amigos. Esta semana estou meio sem trabalho e talvez por isso um pouco "Mainardi". Vou visitar novamente o Museu do Dinheiro e lhes conto o que vi por lá.

Ah, hoje é o primeiro dia de chuva aqui desde sei lá quantos meses. Disso eu sinto falta.

sábado, 14 de outubro de 2017

A trajetória da classe média brasileira

Olá amigos, alerto que já escrevi sobre esse assunto antes que me acusem de ser repetitivo.

Estava vendo uma reportagem sobre desemprego no Brasil, onde entrevistaram um cara formado em Publicidade que trabalhava num boteco. O mesmo se formou a alguns anos, teve algumas experiências breves na área e hoje é empregado de balcão, enquanto espera uma grande chance na agência dos Mad Men.

Como os estudantes se imaginam
após terminar o curso

Seu diploma, segundo as pesquisas apresentadas no livro Personal MBA, já vale menos que papel higiênico, pois não trouxe conhecimento aplicável nem um network poderoso na janela de dois anos.

O cara entrevistado parecia ter seus 30 e poucos anos de idade a despeito do modo infantil que se vestia e do modo servil de se expressar. A reportagem falou do mercado saturado e da crise em que o país se encontra, mas não consegui deixar de notar a parcela de culpa do cara.

O mesmo disse ter largado outro curso que não tinha a ver consigo para perseguir uma carreira na área criativa, portanto conclui que ele provavelmente seguiu um caminho que acredito ser comum entre a classe média brasileira, o qual descreverei no exemplo hipotético à seguir, que possui inumeras variações as quais invariavelmente levam ao mesmo fim:

- Fulano termina a escola aos 17 anos, sem ter levado a sério a baboseira toda.

- passa 3 anos "estudando" num cursinho pra passar na universidade federal de seu estado. De algum modo faz os pais acreditarem que sustentar-lhe sem exigir retorno é um bom investimento, pois o diploma universitário seria uma espécie de salvo conduto para um emprego milionário.

- desiste e entra numa instituição privada, afinal não faz diferença alguma. No começo do curso não sabe nada da profissão, portanto não faz estágio. Seu foco é estudar bastante o que nunca vai usar no mercado.

A lei do estágio onera a empresa, portanto as vagas diminuíram muito e a chance de aprender a prática diária também, afastando do mercado os estudantes.

- após 2 anos muda para um curso com mercado saturado de profissionais, com salários baixos, onde não é necessário diploma para trabalhar e não tem experiência prévia nem conhecimento algum do ramo. Até nota isso tudo mas ignora, afinal a vergonha de já ter mudado um vez de curso o faz dizer a todos que se encontrou e ama a nova profissão.

- A instituição faz algum malabarismo e Fulano até consegue aproveitar matérias do antigo curso. Finalmente no final, faz alguns estágios e se forma. Formado, faz de tudo pra não entrar nos empregos que pagam mal anunciados, desde intercâmbios até tentar bolsas de mestrado. Seu foco, afinal, continua sendo cair de paraquedas em um emprego fácil e bem remunerado. Infelizmente fulano não se tornou especializado em área nenhuma e não tem capacidade de pagar aluguel, comida e as contas com seu trabalho.

- Ainda morando com os pais, o tempo passa rápido. Um, dois, três, quatro anos de formado. Fulano está com 34 anos e não vê saída no horizonte. Decide então estudar para concursos públicos. Mais 3 anos passam e nada...

- Enquanto Fulano espera sua grande chance que nunca virá, já que não é especializado em nada e já com 30 e poucos anos e 10 de formado não vai se sujeitar a receber uma merreca em um emprego que devia ter pego a 15 anos atrás, fulano trabalha em um emprego que não precisa diploma algum e recebe 1200 reais e reclama do mercado.

- Já que passa seu tempo livre assistindo Netflix e jogando jogos online, atividades baratas, e não tem mais amigos para ir em boates e bares como nos tempos de estudante que já estão casados ou mudaram de cidade, Fulano consegue poupar  algum dinheiro. Vislumbrado com canais de youtube que falam das maravilhas do investimento, acaba achando alguma cópia do extinto Pobretão de Vida Ruim e se identifica com tudo. Chega a conclusões bizarras sobre a vida e cria seu próprio blog.

Todo mundo tem suas peculiaridades de vida, mas quis com esse exemplo mostrar que muitas vezes fazemos nossas próprias más escolhas.

O que notei em meus gurus e exemplos de sucesso é que trabalharam bastante desde o mais cedo possível e focaram em acumular patrimônio, não em seguir uma carreira legal. Tem até um estudo academico que surgiu um tempo atrás sobre "não seguir seu sonho".

O Fulano do exemplo passou décadas consumindo mais dinheiro de sua família do que gerou, e não admite ter culpa alguma. Claro que a culpa disso tudo é discutível, uma vez que a escola e seus pais lhe mandaram estudar para comprar uma carreira. Porém ele acabou em um emprego que podia ter exercido desde os 15 anos e se poupasse, provavelmente teria uma renda passiva do dobro ou triplo de seu atual salário.

Outra coisa que me intrigou é, se ele quer ser publicitário, porque não trabalha freelance em casa nas horas vagas e monta um portfólio, além de tirar uma grana extra? Mentalidade anticapitalista amigos.

Não estou dizendo que ele seja um socialista, apenas que nós brasileiros não temos mentalidade capitalista.

Capitalistas trabalham o tempo todo, se qualificam mesmo em trabalhos ruins e poupam dinheiro. Nós brasileiros optamos por ver qualificação por diplomas na parede e trabalho digno apenas se for chancelado pelo modelo aceito pela sociedade.

Minha conclusão é que a classe média brasileira (além de escrava do governo) mantém-se na corrida dos ratos por suas péssimas decisões financeiras.


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

E se as regras forem mentira

Olá amigos,

Ontem assisti novamente o filme Clube da Luta, que fala de limites morais e do absurdo da realidade, e resolvi falar um pouco a respeito de modo descontraído. 

Nós vemos o mundo de determinada maneira, de acordo com as regras que admitimos fazerem parte da realidade. Não importa muito como formamos nossa visão do mundo, o fato é que seguimos regras e através delas vivemos a vida.

Tão real como a lei da gravidade, temos "leis" que regem nossas vidas sociais e tudo mais. A moral determina muitas de nossas ações, e povos diferentes tem sua cultura baseada em morais diferentes. No ocidente nossa moral é baseada nos valores judaico-cristãos, por exemplo, enquanto as sociedades arabes, chinesa e russa, por exemplo, são baseadas em outros sistemas morais, portanto as pessoas "seguem regras" diferentes e em geral agem de modo diferente. Inclusive durante a guerra fria a CIA documentou que os russos viam as leis internacionais apenas como trivialidades a serem usadas caso fosse conveniente, o que tornava a ONU um grande ônus a quem fazia parte dela.

Alguns meses atrás o Sérgio Cabral foi preso e vieram a tona questões absurdas, como os presentes que ele dava para a esposa de milhões de reais, e o tamanho do seu patrimônio injustificado. O Lula também, através de seus hábitos peculiares como nunca ter tido um telefone ou contas em seu nome, talvez até nenhum patrimônio e mesmo assim é um dos caras mais ricos e poderosos do Brasil. Enfim, esses caras não jogam nas mesmas regras que o brasileiro comum e isso não devia mais ser visto como estranho.  

Até na hora de ser julgado, existem malabarismos juridicos e recursos políticos que arrastam a discussão por décadas, uma vez que o sistema é feito para dar o benefício da dúvida a quem tem poder. As regras existem, mas são flexíveis para cada classe de indivíduos.

Algumas questões que me ocorrem é que nós pobres mortais tomamos premissas como verdadeiras como se a vida fosse um jogo.

Assim como num jogo, quando alguém explica as regras e tomamos aquilo como verdade, quando a midia explica um fato, ou mesmo um professor ou qualquer outro, tomamos algumas regras como reais e em catarse seguimos em frente, para jogar considerando as regras.

O exemplo da arrecadação de impostos ou dos jogos de loteria federal ou jogo do bicho. Quem diabos nesse mundo sabe se os números divulgados da arrecadação são reais ou só metade do real? Ninguém.

Outra coisa que me ocorre é, quem disse que hoje com tecnologia para (supostamente)  levar o homem à lua, um governo como o Chinês, dos USA ou qualquer outro não imprima alguns milhões da moeda de outro país em algum bunker por ai e jogue no mercado? Porque eles seguiriam regras comerciais impossíveis de fiscalizar? Porque dependeriam de sistemas econômicos complexos entre milhões de pessoas com suas preferências aleatórias?

Existem questões politicas e sociais poão bizarras que quem toca no assunto é desacreditado ou morre. 

Ninguém tem resposta pra essas e muitas outras perguntas que saem do sistema que atribuímos ser real sem pisar no campo das teorias da conspiração, ainda que muitas delas se mostrem reais ao longo do tempo. 

O homem comum quer ficar rico com o dinheiro do sistema, através das regras do sistema, enquanto existem homens do lado de fora, desprendidos dos limites da moral, arquitetando tudo.

domingo, 8 de outubro de 2017

O primeiro emprego de Kevin O'leary

Olá amigos, assistindo alguns episódios de Shark Tank e Dragon's Den, aqueles programas de TV onde empreendedores apresentam suas ideias de negócio para grandes investidores, despertou-me interesse no estilo direto de Kevin O'leary, o careca canadense bilionário.


Pesquisando sobre sua visão cai em um video no YouTube de uma palestra que ele deu em uma universidade, onde ele conta sua primeira (e única) experiência de emprego, aos 15 anos, onde foi contratado em uma sorveteria de bairro.

Kevin conta que foi demitido em seu segundo dia de trabalho, pois entrou em discussão com a dona do estabelecimento, que queria que ele se ajoelhasse e arrancasse os chicletes grudados no chão. Kevin disse que não havia sido contratado para aquilo, e a dona respondeu que quem mandava era ela. Ele insistiu e foi pra sargeta.

Isso lhe ensinou que quando se é empregado, o patrão é praticamente dono de sua vida e você será forçado a desviar sua função para manter o emprego. Isso ocorre em todo lugar, seja empresa privada ou órgão público, até pela sobrevivência do negócio.

Como seres humanos somos mais flexíveis que as máquinas a este tipo de coisa, e o empregado que se dispor a fazer mais por menos cortará custo pra empresa, portanto terá o "edge" (o que não implica necessariamente em valorização). 

Lembrei de um amigo meu garçom, que anos atrás me disse (com desdém da nossa cultura latina servil) que no exterior gostavam de garçons brasileiros, pois estes eram prestativos e deu exatamente o exemplo de O'leary. Segundo seu relato, o garçon brasileiro era mais bem quisto que, digamos, um garçon francês, que em princípio apenas executava as tarefas pelas quais foi contratado, diferente do brasileiro que ficava tempo a mais, lavava louça, carregava peso, passava pano no chão...

Lembrei de muitos exemplos de trabalho extra fiz durante minha vida de empregado e o porque decidi abandonar qualquer ilusão de carreira. Para mim carreira não existe mais no mundo atual, e por isso vivo de biscates (nunca diga que faz bicos em Portugal) e empreendimentos próprios.

Logicamente em Portugal não é tão engessado como o Brasil nessa parte e minha realidade permite isso.

Quem lê com seriedade o que escrevo sabe que não tenho nada contra ser empregado, salvo que considero essa condição uma espécie de maldição e trabalho, no geral, uma benção, ainda que odeie trabalhar. Todo mundo precisa de um emprego. Apenas não tenha cabeça de empregado. Trabalhe pelo dinheiro e/ou aprendizado.

Mais uma vez recomendo este livro que é um dos que tenho na cabeceira.


Um abraço pra blogsfera.