Apesar de falar sobre minha experiência na Irlanda, este texto também vai explicar minha desconfiança se intercâmbios em geral valem a pena. Cursos de escolas de inglês no Brasil já adianto agora: Não funcionam.
Como tudo começou
Anos atrás, quando o fim da faculdade estava se aproximando comecei a cogitar usar métodos ortodoxos desesperados para melhorar o currículo e magicamente saltar de um salário de R$ 1500,00 para R$ 5000,00. Na época ser trainee, ter MBA e intercâmbio no exterior eram vendidos na mídia como a grande fórmula secreta.
Este era eu lendo Exame, Você S/A e assistindo O Aprendiz no youtube.
Comecei a estudar as possibilidades e, ao invés de mirar alto, dar desculpas para escolher logo o pior país de todos:
- Austrália? Muito longe.
- Nova Zelândia? Perto do "muito longe".
- USA? Não vão me deixar entrar com essa cara de mexicano (tinha conhecido um cara que não deixaram entrar).
- Canadá? Só tem neve.
- Inglaterra ou Escócia? Libra muito cara.
Acabei escolhendo a Irlanda pela possibilidade de viajar pelo resto da Europa enquanto estava por lá (o que é sim bem barato). Afinal, Irlanda é na Europa, primeiro mundo, os brasileiros adoram, tem cerveja pra todo lado, empregos em pubs divertidos, custo de vida baixo... Era mais do que perfeito pra mim! A destruição dos empregos e sub-empregos na Europa causados pela crise de 2008 não me assustava.
Comecei a fazer os cálculos e juntar grana com salário de estágios. Resolvi ir a uma empresa de intercâmbios na minha cidade pegar informações, e como bons vendedores encaixaram meu sonho em um dos seus planos de vendas (ficar 1 mês no apto que a empresa aluga, matrícula na escola e passagens aéreas). Hoje sei que, do mesmo modo que Fundos de Investimento são uma furada por investirem no que você pode investir sozinho, você mesmo pode comprar essas coisas desde o Brasil sem ter que pagar um agente.
Esse negócio de "trabalhe e estude" é mentira. Quer dizer na verdade: "estude e se por milagre achar emprego trabalhe".
- Aqui diz que nasce um otário por dia e hoje é seu aniversário.
Eu já devia saber que o salário daqueles caras que vendiam intercâmbio era um pouco maior que um salário mínimo, mesmo com eles tendo vivência no exterior!
Acabei me formando num curso lixo (em breve saberão qual) no começo de Dezembro e em Fevereiro parti para minha aventura. "Mas você vai sozinho? Meu, que coragem!", ouvia dos outros fracassados medrosos como se estivesse em uma viagem suicida para outro planeta.
Comprei uma mala e uma mochila (que uso até hoje), deixei para comprar roupas novas lá pois sabia que eram baratas e de boa qualidade. Embarquei levando até alguns livros de faculdade e um pen drive com um monte de baboseira. Queria manter todo aquele lixo inútil que aprendi fresco para quando retornasse triunfante como um rei, e tornar-me automaticamente o diretor de uma grande empresa multinacional. Sério, na minha cabeça ter um intercâmbio seria como ter escalado o Monte Everest.
Na verdade eu ainda estava dividido entre a ideia de retornar e exercer minha profissão, ou ficar lavando copos como ilegal para sempre pois tinha crises de ódio do Brasil. Para mim a culpa dos meus fracassos era unicamente do país que "não premiava meus esforços" e não da minha mente de pobre que ainda queria se qualificar para ser um empregado eficiente.
E se eu pudesse me tornar outra pessoa?
Tudo pronto, parti junto à minha mãe para tomar um avião na capital (na época ainda vivia no interior). Lembro até hoje da sensação de entrar no portão de embarque e me sentir... À salvo. Parecia que estava deixando o Brasil rumo aos céus. Atravessando o Stargate. Meus problemas haviam acabado. Primeiro mundo aí vou eu!
Uma nota: Mesmo que suas mães sejam uma porcaria como a minha é, valorizem elas e as tratem bem. Mães são em geral são emotivas e sofrem muito. Elas não compreendem que os filhos crescem e sua influência mais atrapalha do que ajuda depois de certa idade. Mesmo que cometam erros, o fazem por amar os filhos. Se seu cachorro quebra algo em casa você agride ele por acaso? Devemos buscar ser sábios e benevolentes com os mais fracos, porém sem deixar que eles nos prejudiquem.
A chegada em Dublin
Meu voo fez escala na Holanda. Preferi passar por este país pois na época passar pela Espanha podia significar ser mandado embora se fosse brasileiro, apesar de ser mais barato.
No avião estava quente, e eu não havia notado que todo mundo havia vestido seus casacos... Ao sair do avião tivemos que caminhar um pouco pelo lado de fora até entrarmos no aeroporto. Devia estar abaixo de zero e eu estava só de camisetinha verde surrada com o escrito "Dinheiro" em chinês (um chinês em uma lan house me disse rindo mais tarde que estava escrito errado). Fui parado por dois oficiais por ser diferentão na manada e questionado sobre o que estava fazendo por lá. Disse que ia estudar inglês na irlanda e me liberaram. Não fiquei nervoso, mas muita gente ficaria... As vezes assisto uns programas onde bandidos são pegos em aeroportos por que se enrolam na frente dos guardinhas.
Tomei o avião de Amsterdã para Dublin, este sim uma carroça voadora da Ryanair. Ao chegar fui o primeiro da fila na alfândega e uma mulher que parecia aquelas oficiais nazistas de filme começou a me tratar muito mal e humilhar na frente de todos com perguntas ameaçadoras.
Eu certamente fiquei segurando a fila por, pelo menos 10 minutos mostrando papeis sobre onde ia ficar e da escola. Levaram eles para uma sala para verificar a veracidade, e enquanto isso ela me acusava de estar lá para trabalhar e ficar ilegal, e que meu inglês já era bom o suficiente. O curioso foi que, uma hora perdi a paciência e elevei a voz, disse que meu inglês era bom para falar com ela, mas não para o emprego que eu precisava no Brasil. Ela perguntou qual, e eu já sem paciência disse: "sei lá, Coca-Cola, qualquer empresa!". Depois disso ela me devolveu os papeis e explicou calmamente como pegar o ônibus para o apartamento, mesmo sem eu perguntar. Ela estava me testando, é o trabalho dela.
Já na parada de ônibus, encontrei uma brasileira sabichona que me disse como pegar um ônibus até o centro da cidade (onde encontraria meu contato da agência de intercâmbio). Ela parecia querer demonstrar que já havia estado lá várias vezes e que era calejada pela vida no exterior. Deus, como odeio essa gente que se orgulha de não ter rumo na vida. Querem tatuar "cidadão do mundo" na testa e colocar no currículo "couchsurfer".
Chegando ao centro, no tal "spire" (uma gigantesca agulha de metal no centro da cidade, no lugar de uma estátua de um almirante inglês que os comunistas do IRA se orgulham de ter explodido) fui recebido pela menina da agência, que apesar de mal-vestida e ranhenta, fazia o estilo "rainha do camarote".
Já comecei a ligar os pontos e ver que a maioria de quem fazia intercâmbios eram vendedores de intercâmbio e couchsurfers descolados, e não executivos.
Chegamos no apartamento, ela me mostrou algumas coisas e indicou onde eu ia fazer documentos e conta bancária, e onde era a escola. Nos dias seguintes chegaram mais uns esquisitos descolados, e comecei a planear alugar algo junto à alguns deles, e assim o fiz. Ao fim do primeiro mês, eu estava dividindo um quarto no novo apartamento com um descolado, e havia um casal de descolados no outro quarto.
Teve neste tempo o dia de st. Patrick, onde eu vi o mais longe que um ser humano pode chegar fingindo ser feliz. Todos se sentiam OBRIGADOS a fingir morrer de amores pela Irlanda, como se tivessem nascido lá. As ruas ficam lotadas de descolados vestidos de palhaço verde e ocorrem algumas brigas entre bêbados descolados.
Pessoas do mundo todo fingem ser irlandeses.
Quem foi São Patrick? Um cara que usou mágica para espantar as cobras da Irlanda (dizem que lá não há cobras). Que legal! Vamos beber e comemorar!
Conhecendo a cidade
Durante o mês em que fiquei no apartamento da agência eu parecia ser o único precupado em poupar dinheiro, pesquisar preços e buscar emprego. O euro estava em torno dos 2,50 reais e eu queria poupar ao máximo até obter um emprego. Também queria aprender nas aulas, e já nos primeiros dias vi o pessoal faltando aula pois estava de ressaca. Pra mim isso era burrice pois mesmo que saindo você conhece gente e falava em inglês, a escola era cara!
Não achei nada de interessante por lá enquanto me aprofundada na cultura. Acho que é por isso que eles inventam essas baboseiras para parecer que tem uma cultura legal. Leprechaun, st. patrick, cerveja Guinness lixo, wisky (wisky deles é bom), ser enfezadinho, beber muito, ser um hardcore católico, nacionalista terrorista do IRA...
Enquanto frequentava a escola e buscava emprego, me dei conta de como as escolas mais serviam para legalizar visto para imigrantes. Algumas até foram fechadas pelo governo, pois serviam só para os caras estarem matriculados em algo enquanto trabalhavam 60 horas por semana.
As aulas eram uma porcaria, com professores poloneses e de outros países que não tinham o inglês como língua nativa. Aprendi muito mesmo assim pois exclui brasileiros do meu radar. Eu realmente queria aprender gramática e ficar fluente. Também tive uma professora norte americana que sabia muito mais que os outros professores.
Pubs irlandeses são escuros e cheiram mal.
Enquanto todos (TODOS) os brasileiros que conheci viviam nos pubs, eu buscava emprego. Saia as 9 da manhã e voltava para casa pelas 19h. Naquela época eu era muito hardworker e buscava fazer mais que os outros que estavam desempregados a meses. Já vou adiantar que o pessoal que morei no primeiro apartamento estava desempregado até a data em que fui embora. O casal era meio trouxa, o cara era burro e a menina era daquelas patricinhas que não mexia a cabeça pra não dar "frizz" no cabelo de chapinha. Quando saiam largavam 1 currículo e tinham vergonha de se comunicar.
O trabalho do CF
Em plena crise, no segundo mês consegui um emprego em um bar de uma senhora da Lithuania. Ela era viúva de um piloto militar russo e o filho e sobrinho dela odiavam a USSR (todo mundo que conheci que viveu sobre a união soviética tinha repulsa ao comunismo).
Lembro que cheguei dizendo que sabia fazer de tudo, mas tive que aprender a fazer café em máquinas e servir os lanches. Foi uma experiência muito legal. Eu abria o café as 7h e a dona chegava às 11h pra me substituir. Eu trabalhava sozinho, recebia toda semana e podia tomar café da manhã no emprego.
Nesta época da vida eu tinha muito mais energia que tenho hoje. Além de trabalhar e ir na aula me meti com o pessoal da arte marcial que pratico e treinava bastante.
O café da manhã irlandês é um verdadeiro almoço, e a partir dessa época aderi a este costume de comer bastante pela manhã. Até então minha maior refeição sempre tinha sido a janta. Lembro da primeira vez que provei as salsichas fritas. Nunca achei elas em nenhum outro lugar. Mesmo aqui em Portugal não as encontrei. O Bacon também é diferente (rachers).
O trabalho era legal. Ninguém me enchia o saco, eu escutava música e servia os cafés da manhã. À tarde ia para a escola e tinha a noite livre. Optei por não buscar outro emprego pois queria ter a frequência mínima na escola para renovar o visto (a minha era medida a séria).
O melhor desse emprego foi ver que eu podia levar uma vida melhor que no Brasil em um sub-emprego de meio turno.
Mudando de casa
Eu tentava estimular os colegas a ter mais atitude e a cuidar da casa e dos móveis, afinal estava tudo no nome dos 4, lá é húmido e tudo mofa e apodrece. Eu quem tratava com o senhorio pois me virava no inglês e os caras não entendiam nada. Certo dia, o gordinho do casal moveu a geladeira para o outro lado da casa (não tinha o que fazer) e eu lhe pedi para aguardar 30 min antes de ligá-la, pois se não aguardar elas podem estragar. Ele ficou brabo reclamando que sua comida congelada ia estragar e atirou tudo na pia, uma situação patética que pode ocorrer com nervozinhos longe de casa. Passou 3 dias sem falar comigo e descobri que estava buscando um quarto para ele e a namorada na Internet. O combinado era avisar pelo menos um mês antes! De qualquer modo tinha um pessoal da nossa escola querendo uma casa como a nossa e decidimos nos separar. Não duramos um mês juntos! No início do meu terceiro mes lá estava no terceiro apartamento, e isso apesar de estranho é bem comum pra quem arrisca ir pra fora.
O dono fez um novo contrato e eu busquei uma casa só com estrangeiros para praticar meu inglês e não ser mais responsável por nada. Achei um quarto em um apartamento onde viviam uma francesa e seu namorado indiano, e mais tarde dividi o quarto com um cara da Slovakia que ainda é meu amigo.
Se você fizer intercâmbio fique longe de brasileiros. Se obrigue a falar em inglês ao invés de "pensar em português" e depois traduzir. Os brasileiros passavam seu tempo fingindo amar a Irlanda e sentir saudades mortais do Brasil. Pagavam um preço 10x mais alto para comer tapioca, farofa, bis, pão de queijo e outras porcarias para aplacar sua saudade.
Quando estávamos buscando a primeira casa, alguns proprietários não queriam alugar e nos diziam que não alugaram para brasileiros pois eles eram festeiros e encomodavam os vizinhos, alguns iam embora sem pagar ou deixavam o apartamento fodido. Depois de toda minha experiência na Irlanda eu vi que eles não estavam mentindo. Depois do que vi, eu jamais alugaria para brasileiros desconhecidos se fosse eles também.
No meu tempo livre,
passeava com os colegas de apartamento e da escola, ia em parques e museus e fui a alguns pubs, claro.
Foi a primeira vez que vi uma cathedral de 1000 anos (fiquei impressionado em contemplar algo com o dobro da idade do Brasil). Também há outros prédios legais pela cidade e um micro-castelo. Infelizmente as opções culturais se esgotaram rápido e eu me vi visitando os mesmos lugares mais de uma vez.
Christ Church
A comida lá é de ótima qualidade e na época era mais barato que no Brasil mesmo com o câmbio, hoje não sei. Achei carnes brasileiras mais baratas que no Brasil. Apartamento lá é caro (o dobro de Portugal) simplesmente porque tem muito estudante. O transporte público é muito bom.
Uma coisa boa são as promoções de passagens aéreas para outros países, as vezes por 5 ou 10 euros. Com este valor eu não viajava nem de pau de arara para outro estado no Brasil.
O interior é bonito de visitar.
Segurança
O país tem um sério problema HISTÓRICO com alcolismo, existe a cultura do "binge drink" que é na prática abusar de álcool em um curto período de tempo (especula-se que por lá os bares fecham cedo). Todos os dias morre alguém por problemas de alcolismo. O que eu tenho a ver com isso? Nada, tirando o fato de que se vê gente bêbada na rua todos os dias, muitos pedindo dinheiro, e pior, muitos garotos e garotas jovens irlandeses bêbados ou drogados na rua puxando briga. Parecia muito com a cidade do interior do Brasil que cresci.
Lá é Europa. Lá se pode voltar as 2 da manhã para casa como os vendedores de intercâmbio dizem? Claro que sim. Vão te dar um tiro como dariam no Brasil? Claro que não. Mas esteja preparado para se defender. A roleta gira e um dia alguém vai aparecer pra te assaltar portando uma faca pra comprar drogas.
Isso é importante saber porque estudantes brasileiros que vão pra irlanda sonham em trabalhar nos pubs e quando conseguem tem que voltar a pé pelas ruas escuras.
Certa vez um cara puxou minha mochila (ele estava com duas meninas) eles desistiram de levar pois viram que eu ia demolir eles na porrada. Isso é comum nessa cultura... "testar" o adversário.
Outra vez fui seguido por uma gangue, ficavam imitando meus passos pra me intimidar, até que empurrei um, quando viram que eu ia encher de pau desistiram e saíram rindo.
Outra vez num trem um cara drogado começou a me perguntar de onde eu era e tentar me humilhar, perguntava das gangues no Brasil pra demonstrar que era o perigoso... Também não deu nada. Mas o clima era sempre este... Que você está em uma favela de primeiro mundo.
O país tem 6 milhões de pessoas e acho que tem mais imigrantes que nativos pelo que via na rua. Tem MUITA gente pendurada no governo, imbecis que louvam aquele ESTRUME TERRORISTA chamado IRA que é na verdade um sindicato de comunistas anti-mercado. Fora que muitos são burros e a cultura tem um pouco de "Foda-se" em tudo parecida com o "jeitinho" brasileiro.
Claro que o país é lindo e tem prédios antigos (afinal é Europa) mas nem chega perto da qualidade de vida dos outros países europeus.
Lá tem pouca diversão... Só aqueles pubs tradicionais que são uma decepção. Duvide quando entrar em um pub brasileiro e comentarem "ah, não é igual ao irlandês" por que é a mesma merda... A diferença é que na Irlanda é tudo de madeira e escuro, além de tudo lá tem um cheiro estranho característico, uma espécie de cheiro de verniz de madeira velha e mijo de bêbado em tudo.
A umidade lá é inacreditável, os caras nem se importam se parte de uma parede apodrece aos poucos. Chove TODO dia, além de que no verão você acorda as 3 da manhã e tem luz dando tilt no seu cérebro. Denovo: lá chove todo dia.
Aquilo das pessoas viverem como mendigo e tirarem fotos como se fossem turistas é verdade. Pelo menos nunca vi pessoas que têm a qualidade de vida de um estudante tirando fotinhos em pontos turísticos do Brasil. Inclusive achei gente lá da cidade em que morava no Brasil que lá fora parecia ser outra pessoa.
Todas essas coisas contribuíram para eu sair do país com uma péssima impressão, e a de que brasileiros que vão pra lá fingem se divertir, já que pagaram caro.
Se você não concorda e GOSTA de tudo isso que eu descrevi, uma coisa eu garanto. Uma semana em Dublin e você já viu tudo o que se há pra ver.
Meus amigos que foram para o Canadá, Austrália e Nova Zelândia gostaram e acho que tem muito mais atrativos nesses países. O Dólar NeoZelandês está bem mais barato que as outras moedas.
Claro que tenho muito mais coisas pra falar mas por enquanto acho que passei a sensação.
Na questão financeira, recuperei minha grana investida e decidi retornar ao Brasil direto (também tive uma questão pessoal que pesou na decisão) e fui testar a validade da minha faculdade e do intercâmbio. Na época dava pra juntar um bom dinheiro, principalmente se você tiver experiência como Barman.
O retorno
Uma curiosidade: não vou revelar quem é, mas vendi minha vaga no apartamento (recuperei meu caução) pra um cara que hoje é coach de finanças pessoais.
Como essa experiência se transcreveu quando retornei? Fui selecionado para vários daqueles programas de trainee que pagavam 7 mil reais pra quem entrava, cheguei até a última etapa (entrevista) em algumas empresas e não passei. Tenho certeza que o intercâmbio ajudou nisso pelo status, principalmente nas entrevistas em inglês, mas é que nem faculdade de administração: não ensina a administrar e se não lhe der network, não aumenta o salário.
As empresas normais não estão nem aí pro seu intercâmbio mesmo que você tenha que falar inglês no dia a dia. Se eu quisesse só incrementar o currículo, ia simplesmente inventar que fiz intercâmbio de 1 mês nos USA.
Aprender inglês no Brasil
Aproveito a oportunidade para dizer que cursos de inglês no Brasil não ensinam nada. Perder seu dinheiro e tempo aprendendo gramática e usando o professor como dicionário em uma sala cheia de gente que sonha que curso de inglês vai reverter em algo bom para o currículo não adianta. Se for cursar algum, vá no que for 100% conversação e que tenha provas difíceis, que não te deixem passar fácil.
A maioria serve apenas se for pra manter crianças até 10 anos ocupadas ou quem sabe serviria nos anos 80 e 90 quando não tinhamos internet
Após fazer intercâmbio, conversar com um brasileiro em inglês se parece com estar falando com uma criança (do mesmo modo que me senti quando cheguei lá fora com meu "inglês avançado" de dois semestres no CCAA. Infelizmente já estou enferrujando, o que torna o intercâmbio ainda mais irrelevante se não usar inglês regularmente.
Leia meu artigo sobre como aprender inglês:
http://conhecimentofinanceiro.blogspot.pt/2015/08/pobretoes-devem-estudar-ingles.html
Esse vídeo do Nando Moura continua atual. Minha esposa passou 4 meses na Itália (vai descrever sua experiência aqui no Blog) e aprendeu bastante italiano simplesmente seguindo o método que o cara descreve em seu vídeo. Depois destes 4 meses ela que nunca havia tido contato com a língua italiana agora compreende e consegue se comunicar com italianos (de uma maneira bem básica) e entender programas de televisão.
Minha conclusão é:
Intercâmbio na Irlanda vale a pena? NÃO. Acho que qualquer outro país de língua inglesa é melhor.
Intercâmbios para estudar inglês e melhorar o currículo para o Brasil valem a pena? NÃO.
Intercâmbios pode ser uma ferramenta pra ganhar dinheiro? SIM. Com o câmbio alto dá pra fazer uma bela bola de dinheiro, voltar e abrir um negócio ou comprar uma casa, mas isso não é pra qualquer um... Tem que querer e não pode ser mimado nem trouxa demais.
Foi um inferno escrever tudo isso no celular (meu laptop não tem arrumação), mas serve para você não cair no papo de agentes de intercâmbio enganadores ou de couchsurfers fingidos descolados.