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sábado, 29 de julho de 2017

Comprando as passagens para visitar o Brasil

Olá amigos,

Primeiro agradeço aos comentários do último post sobre cuidar do valor que transferimos pra corretora. Eu só posso fazer através de DOC sabe lá por que diabos esse banco que tenho conta não liberou que eu faça TED. Já contei aqui, sou amaldiçoado na questão de usar bancos pela Internet. Cansei de ir na agência resolver variados aborrecimentos e mentirem pra mim que estava tudo ok, quando não estava. Acabei me acostumando a usar do modo mais podre e seguindo a vida. Quem sabe daqui a alguns meses eu resolva isso ao visitar o Brasil...

Hoje estava conversando com um amigo ai do Brasil, o Baleiudo, e comentei que pretendia comprar minhas passagens para visitar a familia daqui a algum tempo. O mesmo tem o costume de acumular milhas pra viajar com a esposa, mas nos últimos tempos deu uma sossegada por ela estar grávida. Portanto me propôs pagar minhas passagens por ter mais de 80 mil milhas pra gastar até setembro, e eu poderia lhe devolver o valor em dois anos ou devolver as milhas.

Sou todo ouvidos Baleiudo.

Para mim é um excelente negócio com zero risco. Minha primeira opção seria devolver as milhas que minha mãe acumula e parte do dinheiro, e a outra pagar o valor caso ele precise, o que é bem improvável pois a mulher é médica.

Ele até me disse pra fazer uma proposta por ele pagar com as milhas, ou seja, lhe oferecer menos dinheiro que pra ele seria negócio já que vai perder as milhas de qualquer modo. Por dica da minha mulher (!) vou oferecer 70% do valor à vista ou 100% ao final dos dois anos. 

Vou comprar as passagens sem falta até terça feira.

terça-feira, 25 de julho de 2017

Extremo cuidado ao transferir para a corretora!

Olá amigos, hoje trago uma dica importante que tenho certeza que todos tomam como de saber garantido.

Quando fazemos uma transferência para a corretora de valores, devemos enviar um comprovante pelo sistema do site para que alguém identifique a operação e passe a grana para sua conta, afinal eles devem receber milhares de transferências por dia, dependendo do porte da instituição.

Eu mesmo já passei por momentos em que quase esqueci de enviar o comprovante, achando que havia feito a transferência e estava tudo certo, pois estava ouvindo música ou fazendo qualquer outra coisa junto. Então sugiro que observem sempre bem se o processo findou certinho, e que só transfiram mais dinheiro quando a última estiver na sua conta da corretora, para evitar confusão.

Essa é mais uma obrigação sua. A corretora quer mais é que você esqueça de enviar o comprovante.

Este mês, sem aviso algum, minha corretora modificou o modo de transferência e até onde sei não avisou. Só fui ver ao acionar seu chat para cobrar um valor que transferi a alguns dias. No fim deu tudo certo, mas imagino o número de pessoas que mesmo tendo enviado o comprovante não vai nem notar que seu dinheiro, provavelmente nunca cairá na conta.


segunda-feira, 24 de julho de 2017

A farsa do "somos todos líderes".

Recentemente me enviaram um monte de livros de negócios em formato digital, daqueles focados em liderança como "Quem Mexeu no Meu Queijo". Ainda não o li pra criticar, e no pacote parece ter alguns bons como um do Brian tracy que é um autor que admiro.

Na verdade eu nem gosto de criticar os métodos de desenvolvimento dos outros, mesmo livros que eu acho toscos (e nem li) por variados motivos. O livro Pai Rico Pai Pobre por exemplo, foi, talvez, o mais importante que li e antes disso achava que seu conteúdo era bobagem. 

Mesmo assim estava pensando se ler eles atualmente ia me somar em alguma coisa e quem é realmente o público alvo desse tipo de livro.

As pessoas que conheci que gostavam e recomendavam estes livros eram geralmente estudantes do primeiro semestre de administração ou auxiliares de escritório sem uma imagem clara do que queriam se tornar, ou mesmo pessoas que recomendavam a leitura de "o segredo", portanto sempre me afastei deles.

Lembrei que quando era criança nos anos 90 sempre se falava muito em sermos lideres, que eramos líderes, que seríamos os líderes de amanhã, etc. Todo mundo era líder, ninguém era proletário. Uma verdadeira esquizofrenia. Nunca levamos aquilo muito a sério pois soava como o "empreendedorismo de palco" da época.

Na verdade a gente sabia que eramos um bando de estudantes medianos de escola pública do interiorzão, que os país tinham dificuldade de por comida na mesa e mesmo assim cobravam que a gente fosse um tipo de exemplo.

Tinhamos poucos exemplos de pessoas admiráveis. Pra ajudar, pessoas ricas ou com algum atributo interessante eram vítimas de fofocas e críticas que diminuíam seus atos. Acho que isso mina a vontade de alguém de ser exemplo e empurra pra mediocridade, onde é mais confortável. De onde eu vim, falhar nos negócios, por exemplo, tornava a pessoa indigna.

Na época de fazer vestibular, nem sequer acreditávamos poder passar na universidade federal ou em um curso de profissão respeitável como medicina ou engenharia civil. Acho que 90% dos meus conhecidos daquele tempo que obtiveram nivel superior fez o curso direito.

Eu acho que esses livros de liderança tem lições importantes assim como qualquer fábula, mas depois de formada sua personalidade o máximo que você vai tirar dali é uma sensação de ter acertado quem é o assassino numa história de suspense. A pessoa vai lendo e diz: "aha! Eu sabia! Agora é só sair liderando". Mas neste assunto em específico, se a pessoa não tiver inclinação natural, é difícil mudar. Os únicos patetas que vi se transformarem em líderes foram os amigos que passaram pelo Exército.

Concluindo acredito que o único modo de formar um líder seja constantemente testar e desafiar a pessoa, para que ela se torne capaz por mérito e não por direito natural. Isso está na cultura dos USA que é altamente competitiva, e por isso os americanos sempre terão vantagem em relação aos outros povos.



sábado, 22 de julho de 2017

Conheça o blog do HenriqueCimento

Bom dia amigos,

Consegui trazer um amigo da vida real para a blogsfera de finanças. Ele tem coisas bem interessantes pra contar e enfrentará uma odisseia pra sair da pobreza. Atualmente ele está desempregado e falido, em meio a um projeto que não tem dado muito certo (coisa completamente normal na vida) e enfrenta uma enorme pressão por ter uma namorada europeia a qual planeja construir uma vida junto.

O Cimento tem como objetivo morar em um país legal, e teria diversas opções para isso não fosse também ter de levar em conta os interesses de sua mulher escandinava e o enorme gasto energético e de tempo que eles terão por serem falantes línguas estranhas. 

Assim como eu, ele deseja tirar o sustento de alguma profissão honrada e que produza resultados materiais, largando de uma vez por todas o mundo dos escritórios que não geram valor pra ninguém. A diferença entre nós dois é que ele não pode se dar ao luxo de errar muito e dispender muito tempo como aprendiz mal-remunerado. Talvez no futuro vocês que desejam saber mais sobre como se tornar um carpinteiro ou algo do tipo tenham outra referência mais próxima da sua realidade.

Vou deixar um link direto na barra superior do meu blog para que vocês acompanhem as aventuras dele.

Agora chega de papo furado. É dia de desafiar o rio Tejo. Tomei café da manhã, mas só vou comer hoje o que conseguir pescar. 

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Ponderando sobre tatuagens

Tatuagens fazem parte da nossa cultura já a muitos anos. O que por muito tempo era comum apenas entre marinheiros e pessoas vistas como a escória da sociedade, acabou por se popularizar do mesmo modo como as drogas: através das celebridades.


Algumas culturas veem como símbolos de status e coragem, enquanto em outras é proibido por ser uma violência ao corpo. O fato é que é algo permanente (até existem tratamentos caros de despigmentação mas ninguém considera usá-los), então é necessário ponderar muito tempo sobre o assunto caso seja sua vontade fazer uma. 

A pouco tempo houve uma polêmica na internet por uma subcelebridade ter tatuado um braço todo de preto. Não adianta, você sempre será julgado pelos outros e a tatuagem serve justamente para isso, é uma tentativa de moldar a impressão que os outros tem de você. É um sinal no sentido literal da palavra.

Sempre digo, ao invés de tatuar algo, faça uma camiseta com o desenho e use até enjoar. Até porque os sinais que você quer mandar hoje podem, e provavelmente não vão ser os mesmos daqui a alguns anos.

Tenho tatuagens e pretendo ter algumas mais, mas em locais que não me prejudiquem socialmente. Como eu sempre digo, preconceito existe em todo lugar e não estou nem ai se acontecer comigo, mas eu aceito as regras do jogo.

É importante fazer com um profissional que siga a risco as questões sanitárias e estudar sobre o processo de cicatrização para ter um bom resultado. Essas coisas são sua obrigação. Se for fazer uma, observe os trabalhos anteriores e peça referências. Jamais tatue com iniciantes e artistas que nunca evoluíram.

Tatuagem é um gasto totalmente desnecessário e mesmo assim uma coisa que quase todo mundo tem. Isso é um fato observável importante. Geralmente damos mais importância à nossa aparência que à segurança financeira.

Você possui tatuagens? O que pensa a respeito?

terça-feira, 18 de julho de 2017

CF e o risco de perder o emprego

Olá amigos e visitantes, 

A duas semanas atrás como lhes contei, trabalhei naquelas casas pré-moldadas fazendo tudo o que envolvia de carpintaria (fabrico e instalação dos painéis externos, encaixe do telhado, montagem de roupeiros, etc). Foi trabalho pesado, mas andou tranquilo e produzimos muito.



Retornamos à minha cidade no sábado à tarde, totalizando incríveis 63 horas de trabalho, pois segunda e terça tinhamos um compromisso de reforçar as vigas e expor as paredes antigas de uma casa em reformas, o que fizemos em tempo record.


A "Cruz de Santo André" é um método construtivo desenvolvido após o grande terremoto de Lisboa a fim de tornar as edificações mais resistentes.

Como o "empreiteiro nervosinho" descrito em um post anterior está com trabalho atrasado, solicitou nossa ajuda, a qual decidimos prover pelo resto da semana e mais outra (a semana em que estamos), portanto decidimos retornar ao canteiro de obras dele para mais.

Lá tudo estava correndo bem uma vez que ele fazia rodízio de maus tratos entre dois de seus empregados (um deles brasileiro, e outro é um coroa que descrevi que realmente deve depender do emprego) até que na sexta-feira (retornaríamos no sábado) ele decidiu ficar em volta de mim despejando dicas e críticas. O trabalho que eu estava fazendo era um chão de encaixar bem fácil de fazer (já tive a oportunidade de fazer um praticamente igual e um bem mais difícil, que tinhamos de marretar pra encaixar) portanto eu já tenho um método decente de trabalho.

Neste tipo de chão se coloca uma manta protetora embaixo do piso pois qualquer pedrinha que não se tenha varrido transfere ao piso uma deformidade. Já começou ai o incômodo pois me mandaram fazer de qualquer jeito para acelerar no tempo. Somado a vários outros incomodos que suportei sem qualquer problema, o cara decidiu dizer que não estava valendo a pena eu estar lá, pois ele paga um pouco mais a um carpinteiro oficial do que paga para mim.

Quer dizer, fica na minha garganta que como ajudante tenho que parar meu trabalho pelo menos uma vez a cada 10 minutos para ajudar alguém (nesse local ajudo quem estiver precisando) a levantar alguma coisa ou a buscar algo e ainda preciso render como se estivesse em uma coisa só. 

Desta vez fiquei ofendido pois eu trabalho, não sou um mendigo. Onde eu não for necessário prefiro não estar presente, pois a chance de passar por qualquer humilhação gratuita é bem mais alta.

Também me passou pela cabeça deixar o cara que eu ajudo, que simplesmente não consegue trabalhar sem um ajudante (levantar coisas pesadas, fazer encaixes e adiantar trabalhos mais "robóticos" na metade do tempo) trabalhar sozinho e demonstrar mais uma vez o quanto eu sou necessário (se eu realmente for).

Esperei alguns minutos para decidir o que fazer, uma vez que estava longe de casa e só voltaria no outro dia, e resolvi chamar o nervosinho me chatear mais uma vez para conversarmos. 

Assim foi. Quando o homem veio me chamar a atenção por qualquer motivo e eu o interrompi e disse: "escuta fulano, eu vi já que você não está gostando do meu trabalho, que prefere pagar um oficial, então eu trabalho até o almoço e vou pegar minhas coisas lá na casa. As 17h (tinha uma carona) volto. Não vou mais trabalhar pra ti". Ele não respondeu absolutamente nada e esperou um momento de distração meu pra evaporar.

Algum tempo depois o cara que eu ajudo pediu pra eu ficar pois não ia conseguir fazer trabalho pesado (o que ele tinha prometido terminar no sábado), e eu disse que não ia mais trabalhar pra esse outro cara. Ele ficou chateado pois foi seu primeiro patrão aqui em Portugal e gosta de manter uma semana por mês com ele para caso passe algum tempo sem trabalhos ter pra onde correr.

Eram quase 11h e eu simplesmente comecei a cagar pro trabalho e me fazer de surdo (que nem um empregado do nervosinho faz quando já está puto hauhauah) até meio dia. Almocei, retornei à casa, tomei um banho tranquilo, assisti TV e peguei minha carona pra casa.

Pois bem, esta semana estou em casa curtindo uma folga. Vou esperar até o final de semana para ver se vou continuar auxiliando esse camarada durante três semanas por mês ou se isso não lhe serve (pra mim já serve financeiramente), e procurar outro trabalho.

É isso amigos. Pra mim é fácil chegar aqui e escrever que se deve ser positivo e tudo mais e esconder que também me acontecem humilhações e chatices diversas, mas isso não vai servir a ninguém de nada.

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CF, o pescador

Cresci em uma cidade do interior onde tive acesso à zona rural. Uma das habilidades que desenvolvi foi pescar. Uma época eu ia todos os finais de semana... Como era bom levar aquelas traíras como troféu pra minha mãe fritar, principalmente porque na época a gente era pobre pra caramba.

Sempre vi o pessoal aqui em Portugal pescando na beira dos rios e beira mar. Isso era impensável para mim no Brasil onde quase todos os rios e praias são poluídos. Eu até pescaria se tivesse a chance, mas teria receio de comer, (como se o peixe comprado viesse de um local mágico). Me informei e parece que aqui é limpo. Só é necessário pagar uma licença e começar a pescar toda semana. Ontem mesmo comprei o equipamento necessário, sob críticas do velhote vendedor que não acha possível pescar como eu aprendi (linha de fundo, bóia, chumbada, empate e anzol). Preparei tudo e vou desafiar as bestas submarinas em breve.

Pescar é um desafio à honra e à inteligência. Se você não for esperto e paciente volta pra casa derrotado e com fome, desde nossos ancestrais que viviam nas cavernas é assim. Até minha mulher tem dúvidas de que vou conseguir e no final de semana escrevo aqui quem venceu.


terça-feira, 11 de julho de 2017

O que você faz profissionalmente é o suficiente?

Olá amigos,

A uns dias atrás estava assistindo a um video no YouTube do canal "Samurai Carpenter" onde o autor dá sua opinião sobre valer ou não a pena seguir a carreira de carpinteiro. Entre seus argumentos citou algumas dificuldades financeiras que podem vir para um profissional da área na região em que ele mora do Canadá, caso este já tenha despesas com uma família.

Para quem compreende inglês, o vídeo tem alguns pontos interessantes para qualquer profissão, como algumas diferenças na progressão da carreira como empregado, subcontratado ou empreiteiro. Também sobre como conseguiu progredir com a ajuda de um sócio (seu tio) e da esposa. Afinal, nenhum homem é uma ilha.


Por fim o ponto de interesse para o post foi que o Carpinteiro Samurai recomenda a qualquer aspirante que, se quiser alcançar um nível de sucesso relativo e patamar financeiro confortável como ele, será necessário ser mais que um carpinteiro. Na verdade, nos dias de hoje deve-se ser mais que qualquer coisa uma vez que o diploma não é nem de perto garantia de sucesso. Simples assim.

Escolha a carreira certa (link) ou este conselho será válido para você também. 

Segundo o Samurai, muito pouca gente alcança sucesso fazendo apenas uma coisa. É necessário criar e aprender a fazer bem feitas variadas coisas além de não desistir fácil. Um conselho cliché, mas totalmente verdadeiro (não se esqueça que meu blog é também de auto-ajuda barata). Ele disse que além de bom carpinteiro, vende ferramentas, projetos, é investidor, proprietário de casas de aluguel, empreendedor, inventor, professor, fotógrafo e etc.

Eu já havia tratado disso por cima (neste post). Na minha opinião existem caminhos mais seguros para a tranquilidade financeira e quem aposta unicamente na carreira com quase 100% de certeza vai chegar aos 65 dependendo do INSS. 

Meus "gurus" do sucesso tratam disso com frequência. Arnold Schwarzenegger a despeito do sucesso que alcançou em variados campos, trabalhou em muitas coisas (instrutor físico, atleta, investidor imobiliário, pedreiro, vendedor de cursos por correspondência, ator...), obtendo inúmeras falhas no percurso.

Quem conhece a biografia de Gene Simmons sabe das dezenas de trabalhos que ele fez em diversos ramos e ainda faz, desde vendedor à inventor, passando por músico, escritor, datilógrafo, designer, produtor, etc, e das dezenas de horas extras e anos sem tirar férias (ok, aqui eu apelei), também passando por incontáveis derrotas e desilusões nos variados campos.

O famoso Bastter fala em um de seus videos sobre constantemente desenvolver-se em variadas áreas que gerem valor pois as profissões saem de moda e ficam obsoletas. 

Pense nisso e não seja um "one trick pony". É importante ter pelo menos três fontes de renda. Nosso amigo Lawyer Investidor escreveu (aqui) sobre um assunto que devemos ponderar diariamente: o que você faria ao perder o emprego?

Jhon pilotava veículos de milhões de dólares e hoje não arruma emprego estacionando carros.

Até agora já trabalhei em muitos ramos e apesar dos meus objetivos claros na carpintaria, que acredito que vão trazer um decente retorno financeiro e no resto, não tenho ilusões de riqueza sem me manter ativo em outras empreitadas.

sábado, 1 de julho de 2017

Porque decidi virar construtor

Um leitor perguntou-me no último post por que motivos larguei meu ramo de formação para virar carpinteiro. Decidi fazer um post mais completo e assim deixar claro aos que tiverem a mesma curiosidade. Segue:

Me explique uma coisa CF. Você vem de uma área intelectual mas agora é carpinteiro? Por que fez isso? Necessidade ou vontade de aprender? Ou os dois? Porque saiu dessa outra área intelectual?


Olá anon, é exatamente isso, tornei-me carpinteiro, ou por enquanto um ajudante de carpinteiro.


Fiz isso por uma série de motivos. Sempre me interessei por construção civil, minha família materna é toda do ramo (engenheiros, mat. Construção, olaria, imobiliária...) mas meus pais me afastaram com unhas e dentes do ramo por ser algo fisicamente demandante e repleto de pessoas sem instrução (sonhavam que eu estudasse direito). Talvez isso tenha me revoltado pois eles são cultos e qualificados porém pobres até hoje, além de sempre terem sido bastante infelizes em seus trabalhos.

Antes de seguir um parêntese. Minha mãe abriu mão de viver na Europa quando jovem para ficar com meu pai. A medida em que fui amadurecendo, vi que tinha melhores resultados seguindo meu instinto e observação que as dicas profissionais de pessoas sem sucesso.

Sou mais um dos inúmeros enganados pela indústria do ensino superior, e naturalmente fui me voltando à construção desde os primeiros terrenos que tive a sorte de comprar e vender com lucro anos atrás (descrevi aqui no blog). Também descrevi outras experiências, como a compra, reforma e venda de um kitnet, trabalho como pintor (vi que estes conseguiam fazer meu salário em duas semanas), etc. 

Atualmente, graças a anos de trabalho, poupança e frugalidade minha e de minha esposa e também por morar em Portugal, onde se vive bem com pouco dinheiro, não somos mais dependentes do salário (me refiro não a viver de nossa renda passiva, mas poder apelar a ela caso necessário).

Portanto pude me dar ao luxo de dedicar-me a aprender uma nova profissão, tanto por afinidade (prefiro carpintaria à outras áreas da construção, quanto pelo meu objetivo: saber o suficiente para me tornar mestre de obras e controlar o feitio de minhas próprias casas).

Não sou inocente a ponto de recomendar que as pessoas larguem seus empregos e se tornem carpinteiros ou pedreiros, tem muita coisa envolvida. Dito isso vejo hoje que estaria nesse ramo tendo ou não minha modesta renda passiva, e para alguns amigos próximos que demonstram amor a esse tipo de trabalho recomendo sim que larguem tudo logo e persigam uma carreira neste ramo, que é ótimo.

Li o livro do Arnold Schwarzenegger em 2013, onde ele descreveu ter feito fortuna tanto na construção e reforma quanto no trade imobiliário. Isso me motivou bastante assim como o Pai Rico Pai Pobre do Kiyosaki, que é essencialmente sobre enriquecer com imóveis. Sobre este livro em particular, vi os dois lados em primeira mão: eu havia sido vítima do "pai pobre" a vida inteira, enquanto que em volta de mim sempre houve um "pai rico" (meu avô) o qual sempre tive receio de seguir os conselhos - para você ter uma ideia, eu preferi terminar a faculdade e me tornar empregado a abrir uma empresa de esquadrias de metal que ele havia me proposto, por um medo irracional impingido desde a infância de ser um desqualificado. Isso ainda me torturava a até algum tempo atrás. 

A mudança compensa financeiramente pois sou um profissional mediano (pra ruim) na minha área de formação e desde a faculdade tenho zero interesse em fazer carreira nela, tanto que buscava cursos em outras áreas correlatas esperando que o mercado os valorizasse e me premiasse com um emprego decente em outra coisa. 99% dos formados na minha área faz um salário igual a alguém sem formação alguma, e pior, tem poucas opções. A maioria dos meus ex colegas está desempregado ou ganha menos de 1500 reais. Qualquer ajudante de pedreiro ganha mais que isso de onde venho.

Gente de obra ganha bem e tem um leque de opções que lhes permite estar exposto à empreitadas mais lucrativas aqui e ali, diferente das pessoas comuns que dependem de poupar bastante e investir por muitos anos como se vivessem uma "vida renda fixa". Esse caráter também me agrada. A "sorte premia os audazes", e eu sempre fui audaz o suficiente pra ser sortudo. Se você é leitor de meu blog sabe que tenho repulsa à ser empregado, pois nesta condição meu esforço jamais foi premiado.

Ainda nesta questão tive uma conversa sobre o lucro líquido na construção de uma casa popular, especialidade dos meus tios e fiquei revoltado ao saber que eles, engenheiros civis, além de socialmente poderosos e admirados, lucravam líquido construindo uma casinha em 3 meses o que eu conseguia poupar em um ano ou mais, e este era o trabalho mais simples que eles executavam fora a venda de lotes.

Além da parte financeira algo que me motivou muito foi a sensação de liberdade e total independência de chefes bundões e colegas insuportáveis comuns no ambiente corporativo. Qualquer um que trabalhe com construção pode, caso queira, ficar em casa assistindo Chaves e Sessão da Tarde caso tenha o serviço adiantado que não vai perder o emprego.

Nos últimos anos fui bastante influenciado sobre aquele papo de "parar de sobreviver e começar a viver" e pela filosofia Objetivista de Ayn Rand. Foi ai que finalmente deixei de ser um cagalhão preocupado com escola, notas e carreira encaixotada e vi que tinha pouco tempo para realizar meus sonhos e tudo ia depender de eu ser corajoso e disciplinado mais do que um comprador de diplomas.

Ayn Rand

Enfim, ao longo da vida tive muitas confirmações de que é um excelente ramo financeiramente, que atende bem meus objetivos de vida, e finalmente suprimi os últimos preconceitos em relação a trabalhar nisso. Entendo totalmente sua dúvida e anos atrás eu mesmo faria esta mesma pergunta com espanto. Na verdade, muitos pedreiros tem recalque e acham que quem tem faculdade ganha bem e não faz nada. Eu tenho como vantagem conhecer os dois lados. 

Estou tendo total apoio de minha esposa como sempre, e isso ajuda imenso.

Enfim coloquei "construtor" ao invés de carpinteiro no título pois meu objetivo é tornar-me uma espécie de empreiteiro e não só trabalhar com madeira. Isso é possível para quase qualquer homem saudável no Brasil. Há cinco anos eu não conseguiria nem mesmo conceber esta ideia. 

Um abraço e "buona fortuna" a todos.