segunda-feira, 24 de julho de 2017

A farsa do "somos todos líderes".

Recentemente me enviaram um monte de livros de negócios em formato digital, daqueles focados em liderança como "Quem Mexeu no Meu Queijo". Ainda não o li pra criticar, e no pacote parece ter alguns bons como um do Brian tracy que é um autor que admiro.

Na verdade eu nem gosto de criticar os métodos de desenvolvimento dos outros, mesmo livros que eu acho toscos (e nem li) por variados motivos. O livro Pai Rico Pai Pobre por exemplo, foi, talvez, o mais importante que li e antes disso achava que seu conteúdo era bobagem. 

Mesmo assim estava pensando se ler eles atualmente ia me somar em alguma coisa e quem é realmente o público alvo desse tipo de livro.

As pessoas que conheci que gostavam e recomendavam estes livros eram geralmente estudantes do primeiro semestre de administração ou auxiliares de escritório sem uma imagem clara do que queriam se tornar, ou mesmo pessoas que recomendavam a leitura de "o segredo", portanto sempre me afastei deles.

Lembrei que quando era criança nos anos 90 sempre se falava muito em sermos lideres, que eramos líderes, que seríamos os líderes de amanhã, etc. Todo mundo era líder, ninguém era proletário. Uma verdadeira esquizofrenia. Nunca levamos aquilo muito a sério pois soava como o "empreendedorismo de palco" da época.

Na verdade a gente sabia que eramos um bando de estudantes medianos de escola pública do interiorzão, que os país tinham dificuldade de por comida na mesa e mesmo assim cobravam que a gente fosse um tipo de exemplo.

Tinhamos poucos exemplos de pessoas admiráveis. Pra ajudar, pessoas ricas ou com algum atributo interessante eram vítimas de fofocas e críticas que diminuíam seus atos. Acho que isso mina a vontade de alguém de ser exemplo e empurra pra mediocridade, onde é mais confortável. De onde eu vim, falhar nos negócios, por exemplo, tornava a pessoa indigna.

Na época de fazer vestibular, nem sequer acreditávamos poder passar na universidade federal ou em um curso de profissão respeitável como medicina ou engenharia civil. Acho que 90% dos meus conhecidos daquele tempo que obtiveram nivel superior fez o curso direito.

Eu acho que esses livros de liderança tem lições importantes assim como qualquer fábula, mas depois de formada sua personalidade o máximo que você vai tirar dali é uma sensação de ter acertado quem é o assassino numa história de suspense. A pessoa vai lendo e diz: "aha! Eu sabia! Agora é só sair liderando". Mas neste assunto em específico, se a pessoa não tiver inclinação natural, é difícil mudar. Os únicos patetas que vi se transformarem em líderes foram os amigos que passaram pelo Exército.

Concluindo acredito que o único modo de formar um líder seja constantemente testar e desafiar a pessoa, para que ela se torne capaz por mérito e não por direito natural. Isso está na cultura dos USA que é altamente competitiva, e por isso os americanos sempre terão vantagem em relação aos outros povos.



13 comentários:

  1. Pessoas com capacidade de liderança certamente já nascem com a tendência natural para isso, quem não tem isso dentro do seu rol de qualidades (creio eu), pode desenvolver com o tempo algumas habilidades que são inerentes ao líder. Como por exemplo o poder da influência, o predict para tomar decisões corretas, a análise racional de situações estressantes.
    É tudo questão de tempo, prática e consciência do que almeja. Eu sei que serei um eterno medíocre, mas faço o possível para me tornar cada dia mais próximo da imagem de um homem honrado.

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    1. Tenho nojo dessas pessoas que se minimizam. Como se resolvesse alguma coisa! É medíocre mesmo.

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  2. Ter que liderar sempre foi um pesadelo pra mim, não tenho esse perfil, não consigo ser muito firme com as pessoas, tenho tendência a ter subordinados mais como "amigos" q como subordinados. Com certeza liderar é pra poucos e esses poucos já nasceram com esse dom.

    Sempre achei O Segredo uma bobagem até que o li. Claro que não é uma Brastemp mas dá sim pra aproveitar muita coisa boa. Pode ser tb que por eu sempre acreditar nesse lance de atração o livro tenha feito mais sentido pra mim, anyway...

    Abraço!

    Corey

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    1. Ser amigo dos subordinados é um grande erro na minha opinião, mas pode ser que a cultura das suas empresas funcionasse bem.

      Eu dei uma lida mas achei aquilo confuso e tolice. Não acredito em lei da atração como apresentado no livro, mas certamente seus pensamentos levam a atitudes que parecem "atrair" determinados resultados.

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    2. O Corey vendeu as empresas dele. Ele é empregado agora.

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  3. Pois é CF,

    Acho que não nasci para liderar no mundo corporativo. Não tenho paciência para isso. Esse vídeo é muito bom. Já tinha assistido.

    Abraços.

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    1. Cowboy, essa paciência que você não tem parece ter a ver com se sentir confortável não se tornando líder. Talvez você não visualiza nada extraordinário se tornando um, como eu não via quando criança.

      Eu sou um líder naturalmente, mas nunca consegui tornar-me grande coisa profissionalmente.

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  4. O autor do pai rico pai pobre e o mesmo autor que defende o marketing multinivel.. Fiquei encucado com isso C.F

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    1. Eu li o livro "o negócio do sec. 21" e achei uma bela porcaria. O autor também fala disso no "eu quero ser rico" que escreveu junto ao Trump. Sei lá, não consigo comprar a ideia.

      Além disso, porque alguém que prega que qualquer um pode ficar rico com imóveis (acredito nisso) também é partidário de trabalhar com marketing de rede, que segundo o autor exige grande esforço e motivação? Aliás ser vendedor sim que não é pra qualquer um.

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    2. Correção:
      O livro do Kiyosaki com o Trump é "Nós Queremos que Você Seja Rico".

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  5. Na escola de administração vivem batendo na tecla que além dos líderes natos existem os lideres construídos. Assim como qualquer outra profissão a repetição leva a perfeição (o que não deixa de ser verdade), só que o resultado dessas lideranças construídas sempre são as piores possíveis, muitas vezes só se tornam sugadores e aproveitadores de seus subordinados, pois apesar da casca ter sido treinada para ser um líder seu interior continua sendo fraco e medroso para qualquer coisa fora do que foi treinado. E essa liderança em todas as vezes só se mantém pela hierarquia conquistada e amarrada com politicagem construída durante anos com outros "líderes" iguais a ele.

    Prova disso é que muitas vezes há subordinados mais respeitados e reconhecidos como líderes do que os próprios chefes. Em recursos humanos chamamos isso de líderes de subculturas organizacionais.

    E exemplos de empregados insatisfeitos que abrem empresas no mesmo ramo que atuavam levando consigo seus colegas de trabalho não falta, pelo menos em países com economias mais livres.

    Na banânia é bem improvável (mas não impossível), pois a nossa sociedade socialista bota na cabeça que o empregado é um merda e que ele virar patrão é virar vilão. Então prefere ficar subordinado insatisfeito em um emprego de merda do que abrir uma empresa nos seus moldes.

    Abraços!

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